sábado, 25 de setembro de 2010

Para chegar à terceira idade com a vida sexual ativa, homens devem tomar cuidados desde cedo



Nem sempre o uso de medicamentos é o mais importante no tratamento para combater a impotência

LAILA MAGESK - DA REDAÇÃO MULTIMÍDIA

foto: Divulgação/Jornal A Gazeta
Sexo
"As pessoas estão com tanta pressa e necessidade de performance que usam esse tipo de subterfúgio, que não leva a nada, a não ser um exercício de demonstração que, na verdade, perde o sentido de tudo que uma relação sexual pode significar. Vira quase uma ginástica sexual", critica o psicanalista Ítalo Campos sobre o uso de medicamentos contra impotência por jovens 


Um espetáculo! Assim Galvão Bueno definiu o sexo aos 60 anos de idade com sua esposa, que é 18 anos mais jovem, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, do jornal "Folha de S.Paulo". O ápice sexual muito ligado à juventude, também pode ser alcançado ao passar dos anos até chegar a terceira idade. O Vida Saudável acionou especialistas para descobrir o que é importante para ter uma vida sexual sadia após os 50 anos e quais cuidados devem ser tomados, principalmente por homens antes de tomar medicamentos contra a impotência. Uma dica, segundo os médicos, é cuidar da saúde a vida inteira.

O urologista e professor Charbel Sassine El Zoghbi afirma que a vida sexual masculina não se resume somente em disfunção erétil, pois o sexo é muito mais que uma ereção, é um conjunto de fatores orgânicos, emocionais, psicológicos, afetivos e estímulos.

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"Para um homem chegar aos 50 anos com todo o seu potencial sexual é preciso que ele se preocupe bem antes disso. Por toda a sua vida ele estará melhorando ou piorando os fatores que vão influenciar no futuro da sua saúde, incluindo a vida sexual".

De acordo com o médico, ao avaliar as causas do problema os fatores orgânicos são um dos mais importantes. O professor diz, ainda, que é necessário orientar para prevenir e tratar, se for o caso.

O declínio da atividade sexual, segundo o geriatra e professor Renato Lírio Morelato, geralmente ocorre após a sexta década de vida e se apresenta de maneira variável em populações e culturas diversas. "Estudos sobre sexualidade e envelhecimento demonstraram que muitos homens idosos se mantêm sexualmente ativos mesmo em idades mais avançadas". Não se pode esquecer que não tem idade para ter uma vida sexual ativa e com qualidade.

Para o professor, a sexualidade pode ser expressar de diferentes maneiras, incluindo o intercurso sexual, sexo oral, masturbação, fantasias eróticas, dentre outras. As pesquisas são internacionais, mas o médico lembra que no Brasil apresenta-se de forma semelhante.

E, quando os problemas aparecem, de acordo com a  ginecologista e sexóloga Lorena Meneguelli, os homens não têm preconceito em procurar ajuda com uma sexóloga. "Homem não tem preconceito nenhum de ir ao sexólogo mulher. A maioria dos meus pacientes são do sexo masculino, encaminhados por urologista ou andrologista".

Ela diz que as pessoas mais jovens fazem sexo de forma muito robotizada. "Os homens falam que gostariam ter o corpo de 20, mas a maturidade da idade deles. As mulheres, por exemplo, atingem o ápice da sexualidade a partir dos 40 anos. Lógico que as meninas estão ficando mais espertas", destaca.

Quais são os fatores orgânicos? 

As patologias decorrentes da falta de cuidados com a saúde ou predisposição genética, como obesidade, hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia (alteração de colestróis) e sedentarismo, além das adquiridas pela idade, como a disfunção androgênica do envelhecimento masculino (alteração hormonal), e alterações prostáticas são alguns dos fatores orgânicos.

foto: Reprodução - Jornal A Gazeta
Sexo
"Estudos sobre sexualidade e envelhecimento demonstraram que muitos homens idosos se mantêm sexualmente ativos mesmo em idades mais avançadas", afirma o geriatra Renato Lírio. Não se pode esquecer que não tem idade para ter uma vida sexual ativa e com qualidade
Como tratar?

"Quando existem alterações orgânicas em que são necessários tratamentos para ajudar a fisiologia da ereção, existem no mercado medicações que podemos utilizar, dentre elas as mais usadas são os facilitadores de ereção tomados por via oral, os inibidores da PDE 5, que são conhecidos no mercado como Sildenafila, Vardenafila, Tadalafila e Lodenafila, os mais comuns", avalia o urologista Charbel Sassine El Zoghbi.

Contraindicação 

Esses medicamentos são contra-indicados para quem faz uso de derivados de nitrato, medicamentos utilizados para tratamento cardíaco e, às vezes, associados à hipertensão arterial, sendo necessária avaliação médica antes de iniciar o tratamento. "Mesmo não tendo contraindicação absoluta, pode ser que algumas pessoas tenham efeitos indesejáveis com a medicação e que esses efeitos sejam graves. Por isso, é importante que os homens sejam acompanhados por seu urologista para avaliação de doses e mudanças do princípio ativo da droga, caso necessário", orienta o urologista.

Alternativa 

Para o psicanalista Ítalo Campos é um perigo achar que a medicação vai trazer a vontade de fazer sexo. "O desejo sexual é uma coisa e a execução é outra. Uma pessoa que tem desejo e, por fatores emocionais e psíquicos, não consegue a execução, aí sim, uma boa ajuda é o remédio. Mas é importante lembrar que a ansiedade é uma dificuldade das relações genitais. É muito mais proveitoso uma boa terapia através da conversa do que uma terapia farmacológica, que traz muitos efeitos colaterais".

Jovens, cuidado com o uso desses medicamentos

O urologista alerta ao uso de medicamentos para ereção por jovens, que nem precisam do remédio. "Jovens têm feito uso destes medicamentos sem avaliação médica prévia, o que pode levar a efeitos indesejáveis, de certa dependência psicológica até ao óbito. Principalmente porque eles têm adquirido medicação falsificada, em que as doses e sua composição não são confiáveis".

O psicanalista Ítalo Campos acredita que parece ser a loucura dos tempos atuais o consumo desses medicamentos por jovens. "As pessoas estão com tanta pressa e necessidade de performance que usam esse tipo de subterfúgio, que não leva a nada, a não ser um exercício de demonstração que, na verdade, perde o sentido de tudo que uma relação sexual pode significar. Vira quase uma ginástica sexual", critica.

Dicas 

- A prevenção, muitas vezes, é não fumar, fazer atividade física regular, ter boa alimentação e, principalmente, não exagerar na bebida alcoólica, que causa muitas lesões nos vasos sanguíneos

- As pessoas não devem ficar preocupadas com o tempo. Devem viver a cada dia da melhor maneira possível, com seus valores íntegros, com a dignidade preservada e não querer ser além ou aquém do que é. Ser si próprio

- Sexo seguro e com responsabilidade ao longo da vida, além de atividades conhecidas da vida saudável que previnem doenças associadas aos problemas da sexualidade na velhice (AVC, diabetes mellitus, aterosclerose, neoplasias)

- O mais importante é ter uma vida saudável desde a juventude para que o bom relacionamento sexual não tenha seus dias contados. Sempre é tempo de se cuidar

(fonte: especialistas entrevistados)

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